Retrato,
do latim retrahere, que significa copiar, é a representação de uma
figura individual ou de um grupo elaborada a partir de um modelo. A difusão
deste conceito acompanhou-se dos anseios da corte e da burguesia urbana em
projetar as suas imagens, na vida pública e privada. No passado, através da
arte e nos tempos mais recentes por intermédio da fotografia.
A
convenção de usar a expressão “cheese”
antes de se posar para uma fotografia tem origem nas escolas públicas
britânicas na terceira década do século XX. Muitos outros idiomas optam também
pela expressão inglesa, tais como os russos, noruegueses, húngaros e mesmo nós
portugueses. No entanto, em outros países são utilizadas outras expressões
equivalentes: os espanhóis dizem “patata”(batata), os dinamarqueses “applsin”
(laranja), os suecos “omelett”, os finlandeses “muikku” (peixe),
os coreanos “kim chi” (couve), os polacos “dzem” (marmelada), os japoneses usam a palavra inglesa
“whisky” e os australianos começaram a usar “sex” pelas
razões óbvias. Já os holandeses e os gregos não dizem nada. E outras comunidades,
como alguns muçulmanos, ciganos, índios norte-americanos e aborígenes
australianos, por não aceitarem ser fotografados, também não.
Também
por curiosidade, quem chega à Indonésia fica de imediato com a ideia de que se
trata de país com uma população alegre, especialmente feliz e que nasceu para
sorrir, até pela forma tranquila com que encaram a vida no seu paraíso de
praias e clima. Todavia, alguns estudiosos têm sugerido que, na língua materna
dos indonésios (Bahasa), as
consoantes “c”, “j”, “t” ou “p” apenas podem ser pronunciadas corretamente se
os lábios se abrirem de uma forma ampla e larga, o que passa aos observadores
uma sensação de que, quando alguém fala nessa língua, está sempre a sorrir.
O
retrato da face é hoje um tema de fronteira dos mais variados ramos da ciência
e trata-se de um assunto que tem apaixonado cientistas. De facto, o tema do
sorriso tornou-se no espelho de um conceito altamente sofisticado de expressão
das emoções, de modo de comunicação e de interpretação visual e cognitiva. Um
farol de desejo com interesse psicológico, antropológico e social, cujo alcance
a medicina dentária, por vezes demasiado focada nos seus materiais e técnicas
cirúrgicas, não pode deixar escapar.
Crónica publicada na revista Dentistry. Edição Abril 2013
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